CONFESSO Tornar-me-ei em outra pessoa Em... Naeno Rocha
CONFESSO
Tornar-me-ei em outra pessoa
Em tudo igual a quem já sou
Mas é por apego a isto que não tive,
E aversão que sei é de mim que sou, vou
Experimentar os mesmos frios
De todas as madrugadas passadas
E os meus sóis me solidificarão nas estradas
Por onde já passei disperso
No mesmo passo sem um amor.
E se acaso algo eu queira mudar
Só acertarei fazer-me, ser como agora
A epiderme indolente, e pelos meus olhos
Destilarei espirros e chamas de nuvens
Mirando o mais distante horizonte.
São vermelhos os meus indutores
E a minha saudade vinculada a ti
Foi chapiscada de um verde, engano
Uma cor que não olhei e não sei o nome.
Quando Deus dá, dá o começo
Como uma aranha que ata o ponto
Inicial de sua teia tenebrosa
Da forma dita, existe esse ponto
Pelo qual nos adolescemos, nós.
E seus começos, no nosso choro inicial
E aí já paramos a ver o lenço
E contar amarguras e dores, como foi.
Este não é o amor que penso
Talvez me agradem os audaciosos, sinceros
Coisas novas começadas comigo, em mim.