CARTAS À MIM A tarde da tarde se põe... Naeno Rocha
CARTAS À MIM
A tarde da tarde se põe num céu quieto
E a noite já está chegando, eu não sei desse segredo.
Quero que me reconheçam por meu deserto
Distante e longe do lugar do meu degredo.
Marco o meu passado em um extenso mapa
Lugares onde fui e ultrapassei
O tempo com sua contagem, um desagrado
As balizas nos caminhos de mim herdei.
Não busco estrelas para saltar o pedágio
Os meu desígnio é de saber quem sou
E de num instante remoto, tempo ágil
Vejo os alaridos no tempo que vou.
Como tantos que se perdem na viagem
Jurei outros caminhos mais verdadeiros
E me retive na bifurcação que fazem
Alma perdida, coração aflito, de mim mensageiro.
Carrego o intrépido volume de cartas
E escritos ilegíveis mandados à mim
Num desaforo que vou desarmar
Meu espírito santo e louco assim.