O RIO O rio corre calmamente Sobre o seu... Naeno Rocha
O RIO
O rio corre calmamente
Sobre o seu leito quente e macio
Cada conversão é um dia contado
Outros dias serão de folhas mortas
E escoras de cercas antigas.
Que o rio toma como alimento.
Teme o seu mergulho no mar
Mas pondera que ele não há.
E vai levando horas no seu leito
Dias boiando rumo à distância.
Compartilhadas com o sol
Que dele se nutre e o acompanha
A qualquer recanto, sob qualquer tempestade
A noite, o rio corre sozinho
E se esparge em leques na tolerância do mar
Que definitivo será sua ida, sem fim
Ora doce, ora salgado.
Ora fumante, ora tragado.
O rio conta a nossa existência
Pelos marcos nas encosta
Que se somem quando se enche
E aparece, se vai secando.
E o rio não tem fim
Caminha empurrado por ele
Pelas ribeiras tocada a remo
Assim é que o mundo vai passado
Assim se faz o extremo da minha saudade.