Certa vez continuei. E continuei fazendo... Luana Rodrigues.
Certa vez continuei.
E continuei fazendo essas coisas rotineiras que todo mundo faz, não sei me dispensar. De repente a inspiração bloqueia, sei lá. A tarde estava chuvosa, e a minha casa estava escura, a cozinha cheirava incenso, e no rádio antigo que ganhei da vovó tocava aleatoriamente as músicas do Chico Buarque, tudo extremamente calmo. Deixei as festas e os rapazes de lado, e fui viver de poesia, e dos sambas das mais belas canções de Noel Rosa, deixei minha vida com uma trilha sonora calma,uma sensação de um teatro organizado, com tecidos de laços, laços coloridos, mas com tristeza nos olhares, porém um pouco feliz.
Decidi; a felicidade existe sim. Por mim, pela poesia, pelo meu violão, pela minha criança. E pelo chá na varanda cinco horas da tarde. Decidi que ali seria minha ultima espera, esperei esperei e esperei, com flores na cortina estampando a janela, flores amarelas, é a tua cara. Estou bem, a minha tristeza era bela, vaga e poética. As festas estão me esperando, e os convites para o barzinho da esquina com um samba ao vivo me aguarda. Samba calminho...Tive que variar um pouco, cansei do choro. Cansei dos discos mofados e arranhados pelo tempo, às vezes eu me defino, como a versátil mais clichê do mundo. Me reciclo, me rimo, me concluo. Te dou carinho apenas no meu mundo.