Casa das almas Ó tolice! Como fui me... Felipe Sandrin
Casa das almas
Ó tolice!
Como fui me enganar?
Carrego mais do que cabe carregar.
Necessito mais espaço para o que não consigo deixar para trás.
Não acho espaço porque espaço não se acha,
Conquista-se como quem conquista o desejado.
Como o enlace inesperado a um romance que assim só é
Até que se torne palpável, a quebra do imaginário.
Seres encantados vêm me visitar,
Abano todos para longe, não preciso deles lá,
Há lugares apenas meus onde nem santos podem pisar,
Pois lugares sagrados não são fáceis de achar - o egoísmo sim.
Fujo do que eu estou condenado a ser.
Corro a lugares onde queiram me conhecer,
Onde eu seja quem eu quero:
E quem disse que não sou o que gostaria de ser?
Ó tolice!
Ó apetite!
Cães pardos vêm me devorar...
Sonhos sem lar, sonhos sem sono como sonhar?
Basta que não me conheçam,
Assim ganho uma casa.
Rangem as madeira na noite como os dentes da fera.
Mas amanha deixe que ranjam, não estarei mais lá.