Nunca acreditei nessa coisa de dar um... Joice Soares

Nunca acreditei nessa coisa de dar um tempo em relacionamentos. Na verdade, eu tinha trauma de tempo. Sempre vi o tempo como uma possibilidade de dizer adeus sem que o outro perceba, e quando este outro se dá conta, já era, acabou, - como é mesmo aquela brincadeira? – E o vento levou. É, levou. Foi levado pelo tempo, pela vida. O tempo e a vida é que nem o vento. A gente não os vê, mas sabe que ele está passando. É muito perigoso acreditar no tempo do relacionamento. Acreditar no tempo não é acreditar no laço firmado, no amor sentido, mas é, sobretudo, acreditar que os fenômenos não ocorrem. Mas sabemos, desde criança, que não podemos ir de encontro às coisas da natureza. Já ouviu falar em aquecimento global? Pois bem. Meu amor se quer pedir tempo, pra pensar, pra sair, pra dormir, para o que quiser peça, mas olhe, eu tenho uma saúde frágil, não posso ficar nesse tempo por muito tempo, porque corro o risco de pegar um resfriado. Acompanhou o meu raciocínio? Eu não posso ficar nesse tempo, no relento, e se vier um temporal? Não quero ser grosseira, entenda o meu lado. Eu ainda estou sentindo tudo o que afirmei sentir por você, mas o ato de tomar chuva nos dá uma sensação de liberdade, mas com ela existem conseqüências também. Eu te dou esse o tempo, mas não demore. Se cair uma chuva, se o vento ficar muito forte pra mim, terei que procurar um novo abrigo pra ficar.