FAZ DE CONTA Eu gostava de fazer de... Alanna Stefany
FAZ DE CONTA
Eu gostava de fazer de conta que eu era uma estrela. Ficava horas e mais horas retirando forças para fagulhar meu brilho, enquanto nenhum ser se preocupava em dar uma simples espiadela. Isso era tudo de que precisava, uma espiadela, que faria todo o sentido em minha tola existência. Em toda essa imensidão, em todas as maneiras de universos e galáxias possíveis, eu nem sequer encontrei quem me carecesse um piscar. Mas, dentre desatenções, você instintivamente brilha. E como que toda escuridão já era me feita, não pude perceber. Você insistia, não adiantava. Tentava novamente, nada. E quando eu me vi, realmente, em um ensejo, tremeluzi como se todas as forças do mundo se encontrassem em mim. Nós brilhamos juntos, como que o céu todo não fizesse sentido, e nós brilhamos juntos em extraordinária alegria. Mas, na verdade, todas as forças do mundo não se encontravam em mim, nem em você. A luz que a gente compartilhava foi enfraquecendo, mas as coisas continuavam sem sentido algum. E essa história de ser estrela não era mais tão fantástica. Ousei não desistir, essa conspiração toda que o universo fez ao nosso favor não iria se quebrar assim. Quando te mostrei meu brilho, aquele que você nunca tinha visto antes, você deu aquela simples espiadela que eu tanto precisava. E isso foi o bastante para mim. Daí, nós explodimos completamente em um amor sem fim, e o barulho ecoa até hoje em meu céu.