Eu acordo, e o dia passa como se fosse... Carolina Gomes
Eu acordo, e o dia passa como se fosse eterno. As coisas saíram do lugar absurdamente depressa. Eu fiquei sem saber agir. A angustia entranhou pelo meu corpo como o vento em dia frio. Não conseguia fugir disso, era como parte de mim. Foi se espalhando, sentia meu sangue correr entre as veias, e tudo em mim pulsava. Sentia meu coração bater acelerado na ponta dos dedos. Queria fugir daquilo, mas era tarde. Eu só desejava fechar os olhos, e tudo voltar a sua ordem natural. Girando ao tempo de cada ser. Mas não, o que girava era minha cabeça. Eu podia fechar os olhos, fazer toda a força do mundo, mas quando abria, o caus permanecia lá, em constante movimento, destruindo meu mundo aos poucos. Em prantos, meu coração parecia ser cortado em fatias aos poucos, como um bolo de aniversário, e distribuído por ai, para que todo mundo se delicie com ele. É muito difícil expressar tamanha dor. E é muita. Doía todos os nervos do meu corpo, os músculos se contraiam, se esticavam involuntariamente. Eu sentia tudo ao mesmo tempo. E depois disso tudo, eu deitei, coloquei a cabeça no travesseiro, e adormeci, com corpo exausto, com a mente cansada, de tanto pirar.