CÂNTICO DOS ABUTRES Cântico imundo de... Joaquim Neto Ferreira
CÂNTICO DOS ABUTRES
Cântico imundo
de choro virulento.
Das malícias
ermas pútridas desprovidas,
Abutres de refúgio.
Nas carnes, consumida,
Lacaios cadentes
de fome no momento.
Ser surdo na orla
do ciclo tragando,
Focos das lágrimas
ufanas no além.
Nas ruínas macabras
que te mantém.
Nos terríveis
esgotos fecais, defecando.
Renuncias de fezes
e vermes germinando.
A ave nebulosa
do excremento obsceno.
Do nojo reprimido
que escarro e aceno.
De pena e pesar
na secreção saboreando.
Na soberba à vontade
da reação faminta,
Das vísceras necrosadas
e fétidas rasgando.