M O I S É S Progressivamente o... Naeno Rocha

M O I S É S

Progressivamente o silêncio foi tomando conta do mundo, onde caminhavam com passos leves aqueles itinerantes que já procediam de vários lugares do mundo, e tinham passado pelos mesmos pontos, para de onde estavam, davam. O guia sumira do meio de todos e tomara a parte inclinada do cheia de cratera, do lado direto, que já fora confundido com o mesmo lado esquerdo em suas voltas atormentadas.
Todos quietos esperavam o retorno de Moisés, que fora ao encontro de Deus, se atualizar de novas instruções, de como deviam ser guiados a um lugar completamente distante e cada vez ficando mais e mais longe. Uns variavam e juravam que aquele ponto onde estavam assentados para aquele resto de dia e a noite inteira, ele já conhecera nas tantas voltas que Moisés lhes impusera darem, para que se cumprisse o tempo determinado por Deus que durasse a caminhada.
O que se considerava era o tempo não o vão caminhado. Mesmo que tivessem de dar várias voltas no mundo. O homem haveria de purgar-se dos seus erros, de suas de atos e coisas, so que Deus abominava. Por isso agora lhes castigavam duplamente. Todos estavam mais velhos, alguns mal conseguiam trocar um passo, outros nasceram e cresceram na ambulante e não sabiam ao certo como era o mundo que alguns lhes tentavam fazer entender. Para eles o mundo era uma gangorra sem controle, que nunca lhes davam parada para descanso e que o descanso que teriam seria o daqueles velhos lá de traz, chagas e poeira por todo o corpo. Falta de forças, voz rouca e só provavam do maná de Deus, por alguém sempre lhes trazerem, ordens expressas de Moisés.
De repente Moisés aparece por entre os blocos de barro, descendo com pouca habilidade, enquanto alguns abaixo, ficavam, muito ansiosos, fazendo os gestos que era para ele fazer lá encima, como que lhe ajudando a descer. De uma escorregada final, que levantou muita poeira, Moisés saltou no caminho plano onde se encontravam os outros, em condição de miséria.
Havia uma ala já praticamente dissidente de Moisés, que lhe lembravam, da preocupação que tinham, porque Deus só se preocupava com o maná. O leite e o mel. No entanto, diziam, que não haviam ainda visto por parte de Deus a preocupação com a saúde, o estado de ânimo de nenhum, e isto lhes deixavam em condições de desproteção, uma vez que nem só de comida vive o homem, expressão que Cristo viera a utilizar muito mais à frente, mas essencialmente da palavra de quem da boca de Deus. E Ele não lhes falava, não lhes aparecia, e havia uma distância muito grande entre a fila de desertores e o seu Deus. Muitos já ficaram abatidos pelas intempéries do tempo, pelos malefícios dos esforços repetidos, das dores sentidas dentro, muito profundamente.
Moisés se recompunha, pegara das duas bandas de uma laje que havia se partido na queda final do guia. E lá, estampado, de forma clara e magistral, uma forma de pena para aqueles coitados.
naeno*