AURORA Mesmo antes de se projetarem os... Naeno Rocha
AURORA
Mesmo antes de se projetarem os homens
Já a aurora de olhos róseos
Surgia todas as manhãs
Como experimento, por obrigação.
Como fora antes dos tantos olhares.
A minha aurora baixa num cordão suspenso,
Um fio tênue, leve e só a ela se vê.
E pelos ventos descidos, frios.
Ela se posta, se assenta no chão.
E num rompante se dissolve,
Absorve-a inteira o sol, na sua vez,
Como uma clareira, buraco claro
Farol de carro dentro da noite.
Desde o princípio o sol tem esse papel e acata a ordem.
Não falha nunca e recebe o dia
Das mãos da aurora
E se entrega à tarde, se adiantando,
Que não o recebe e aguarda a noite
Um manto negro que tudo cobre,
Vazando apenas pelos poros do corpo, as estrelas.
Como se vê, são sempre claros
Os cumes do mundo e tudo ao céu,
Como tem luzes ante a cobertura,
Que prima o céu.
Logo vem a aurora, na sua hora.