UM HOMEM SEM SEMBLANTE És meu sonho, e... Betinha

UM HOMEM SEM SEMBLANTE

És meu sonho,
e no adormecer o torno verdadeiro.
És meu pesadelo,
e no despertar desesperado o encontro,
sôfrega e inquieta.
És meu anoitecer,
e nas madrugadas perco-me em teus braços
por teus abraços.
És meu respirar
e em tua boca busco o ar que
me alimenta o sangue.
És meu amanhecer
e em cada clarear revejo
minhas esperanças de o encontrar.
És meu complemento
e em cada movimentar de meu corpo
sinto-o a apoderar-se de minha alma,
enlouquecida de desejos
por este homem sem semblante...
És minha morte
e em cada desprender de vida
sinto-o como uma despedida de último amante.
És meu silêncio
e em cada som ouço sua voz a sussurrar meu nome.
És meu mundo
e em cada caminhar é
seu semblante desconhecido que tento alcançar.
És minha vida
e em cada pensamento sinto-o
como espéctro saindo de meus próprios anseios.
És meu homem sem semblante.
A todo instante sinto-o a entrar em emu corpo,
e então, como se fosse a própria vida
reconheço-o...embora permaneça sem semblante.
Um homem sem semblante.