PRECISO DE AMIGO Preciso de amigo... Naeno Rocha
PRECISO DE AMIGO
Preciso de amigo
Diverso, ante a apatia dos que exercitam o mal
Confesso no reconhecimento de que somos iguais.
De sensato argumento explícito nos olhos
De que não viramos janta de canibal.
Preciso de amigo, que ao me saber triste
Não se fixe em apenas compartilhar dessas lágrimas.
- Que eu mesmo posso enxugá-las -.
Que seja atento a outras desventuras, sintomáticas
Como minha mão gelada
E a taquicardia que me retarda o ar.
Que nos abraços que viermos trocar
Oculte, com discrição,os batimentos do meu coração.
Que me faça acreditar nessa máxima:
- Somos guerreiros do mesmo Deus
Que Ele dos seus lugares insondáveis
Nos olha com seus olhos de proteção e amor -.
Porque é bom ter notícias de Deus sempre.
Que me oriente na virginal procura de mim
Estradas dos meus pesadelos, de ofensas vãs
Da mesma dor, igual.
Que não concorde quando eu culpo a vida
Por não haver sido gentil comigo.
Mostrando-me o caput do poema
Onde fala de que todos somos naturalmente iguais.
Eu preciso de amigo que nunca recitem
O poema das “rosas predestinadas.”
Preciso de amigo que me escreva vez em quando.
Preciso de amigo que nos lugares ermos
Fique a mostrar-me passarinhos e flores
Como se nunca os tivessemos visto.
Como se fôssemos divididos, em homens e mulheres.
Preciso de amigo, que, se lhe pergunto
Com toda a infantilidade, ainda em mim
Ele feche os olhos, em gestos de esforços
E me pronunciem, com o lume aberto do dia:
- Qual das montanhas que contemplamos,
Qual julgas ser a mais, bonita e imponente?
E eu sem poesia lhe dissésse:
Foram tantas... Mas duas mais me encantaram:
Duas negras montanhas, que sombreavam à nossa frente.
Quando andávamos e o sol desenhava à frente,
Duas colinas bem assentadas, que se abraçavam.
E nos acompanhavam e se moviam com nossos movimentos.
Eu ainda preciso de amigos.