Tudo passa a ser saudades e um martírio... Marcella Prado
Tudo passa a ser saudades e um martírio sem fim. Cada coisa toma um significado gigantesco. Ás vezes é melhor não colecionar esses restos. No fim, que fazer com as fotos? Queima-se? Joga-se no lixo em meio ás sobras de comida? Rasgam-se as camisas? Que se há de fazer? Nunca mais visitar aquele restaurante japonês que ele tanto gostava, ou quem sabe evitar aquele filme que a fazia rir feito uma louca esganada? Que se pode lutar contra esse monte de coisa que se torna quase palpável quando o coração é dilacerado em alguns momentos de desespero, em que se procura o outro loucamente, em momentos de saudades absurdas, que a gente invade qualquer buraco, escuta qualquer música que faça lembrar o ser incondicionalmente amado. Como frear as lágrimas diante de um CD que o parceiro tanto apreciava e que dançava desengonçadamente para provocar o riso desenfreado?