Confesso A foto, o som, uma particular... Tiago Landeira

Confesso

A foto, o som, uma particular luminosidade, me desviam em suas qualidades. Assim eu sou bobo. E creio em Deus e no sol.

O pensamento me fala de outro tempo, outro espaço. Por vezes não entendo e se pertencer a mim, também às vezes parece não pertencer; como se em buscas próprias trouxesse coisas de fora, alheias a minhas ordens, de maneiras invisíveis.
Nele guardo o passo dado e a esperança. Guardo a mim e me encontro lá sozinho quando me chamo.

Enquanto vou, minha busca chega e correndo logo à frente estão minhas intenções.
A minha cautela tem freqüência errática, igual vôo de borboleta; anda trêmula de braços dados com a dúvida que balança meu equilíbrio.
Minha maldade sem forças pra resistir, vive de persistência.
Meu desejo de às vezes não estar aqui pode ser o meu mais profundo, mas sempre que olho pra ele, sinto meus pés pisando no raso.

Escrevo e gosto de palavras, saber dizê-las, entendê-las mesmo que dentro de minha própria sanidade. Falam sempre de perto como se tivessem do lado. Me sinto acompanhado.

Assim nascem meus fracassos: acredito poder mudar o mundo. Me vejo destacado e essencial. Eu, o primeiro convencido. E único. Assim falo por minhas ideias. Precisam sair e só saem se ditas. É inquietação.
De compreensão ao alcance; polidas e prontas para serem absorvidas; me contam que em minhas medidas tem algo que pode caber no mundo.
Me defendo achando graça e coleciono mais um fracasso até que eu veja em alguém qualquer delas e já sou muito mais feliz que triste.

Minha cara não muda se perco. Eu disfarço.
Minha cara muda quando saio do pensamento e esqueço do brilho, da cor e das palavras.
Se não me encontro, poderia ser qualquer coisa. Até ser triste.
E tristeza é ruim como preguiça de levantar, indisposição de explicar. Uma doença que deixa de cama, mas que em poucos dias vai passar. Como impaciência.

Sou bobo; outro dia inútil; outro dia, inofensivo e feio; outros sou falso, ou chato. Sou vários. Todos os dias sou eu. Mesmo os que sou menos eu. Nestes, com um “mas” e algo mais, me ressuscito e volto pra perto de mim, culpando meu coração por desmentir quem sou justo quando me pensava sabendo.