Entre tantas partidas e chegadas, ainda... Ramayana Vargens
Entre tantas partidas e chegadas,
ainda não estabeleci meu território,
nem demarquei minhas fronteiras.
Ainda que viva,
que trace,
que escreva,
sou estrangeira,
órfã
e exilada no mundo..
Sou de lugar nenhum,
e de todo o lugar.
Incerta da sorte,
e certa de que tenho onde dormir,
danço nas ruas,
danço no vento,
danço com o tempo,
cada acorde e melodia
oboé, alaúde e sinfonias...
A indistinção que me caracteriza
está a um passo do fim,
pois logo entrarei em guerra,
tomarei de assalto o que quero,
sem mortes, sem escravos, sem demência.
Preciso de espaço,
preciso de um lugar em que possa me encontrar.
E não mais ser uma andarilha mundana e sem rosto.
E ainda que a sorte me aponte caminho,
já antevejo as minhas pradarias.
Pressinto as flores altas no jardim...
Para a jornada só me falta companhia.
Um bom papo, vinho, luar...
Um reino na imensidão
e serei a rainha absoluta de mim.