CONFUSÃO Era tarde da noite e não... Patrícia Marasca
CONFUSÃO
Era tarde da noite e não conseguia dormir.
Deitada na cama, observando o escuro (inobservável), pensava. Pensava sobre tudo e sobre nada. Perdia-se em seus pensamentos e nos mesmos, encontrava-se. Pensava em ti.
Fechava os olhos e sua imagem lhe vinha à cabeça, assim num de repente, como que em sonho; mas não era. Imaginava situações futuras, relembrava situações passadas.
Inquieta. Virava-se de minuto em minuto, de um lado para outro. Aliás, fazia frio. Ela adorava o frio. Mas ali, naquele instante, nem todos os edredons do mundo poderiam aquecê-la.
Sentia um vazio dentro de si. Congelava, por dentro e por fora.
Uma mistura de sentimentos. Uma confusão. Seu coração batia forte ao lembrar o nome dele, recordar sua voz ou reviver em sua mente o último abraço.
Uma parte de si chorava; desolada, sem consolo. Pessimista. Sem chão, sem teto, sem nada. Outra parte ria e sorria. Otimista, cheia de esperanças. Sonhadora. Não sabia em qual parte acreditar. Estava dividida entre razão e emoção (ou buscava o meio termo entre as duas).
Lembrava a primeira conversa. O primeiro olhar entre os dois, as primeiras palavras, o primeiro abraço, o primeiro beijo. Nunca esqueceria. Tudo parecia tão perfeito, que de tão perfeito, admite-se cega de amor.
Essa moça, era eu.
Você me magoou, me deixou sem vida. Estou morrendo e já faz tempo. Todos perceberam. Você está me matando, fazendo de mim, pedaços.
Tenho conseguido lutar ao longo desse tempo, mas ultimamente está sendo difícil. Acabaram-se os armamentos, os mantimentos e as forças. Principalmente as forças.
Preciso descansar. Me entrego. Levanto a bandeira branca em símbolo de paz. Necessito de um refúgio; e meu refúgio sempre foi você.
Admito: sinto sua falta.
É sufocante a dor de não te ter por perto. Não poder te ver, te abraçar, te sentir. Queria ter o seu olhar direcionado à mim, como na primeira vez que nos vimos.
Queria poder sentar ao seu lado novamente e te ouvir me chamar de “pequena”. Quando só o seu abraço me protege e só suas palavras me confortam.
Você me faz tão bem; e tão mal.
Estou aqui, sozinha em meu quarto, jogada sobre lembranças, perdida nesse presente, esperando por um futuro. Um futuro que sempre sonhei e ainda sonho.
Do qual desejo que faça parte.
É assim toda vez que deito na cama.
Estão fechadas as portas do meu coração. Não consigo abri-las, algo me impede. Mas eu sei, todos sabem e na certeza também sabes: a chave é você.