SURREAL As chaves que antes perdia com... Renato Rush

SURREAL

As chaves que antes perdia com frequência,
Agora encontro no início da semana,
Mas quando é o fim, tiram sarro de mim.

Agora sei que é impossível cruzar o rio,
Pois o gelo derreteu e esta faltando chão,
Sei que a água é turva e impede sua visão.

Ainda que caiam tempestades com raio e trovão
Sigo meu curso na sua direção,
Sem parada errada, sem interrupção.

Não sei se avistarei terra
Ou se descobrirei as índias,
Mas posso imaginar o que me espera.
Então só agora percebo,
Que estampado na lua seu rosto eu vejo.
É o que me guia todos os dias.

Uma brisa leve toma conta de mim,
Sinto o perfume da senhora que amo,
E é tão bom quando o ar esta assim,

É caminhar num céu de nuvens de algodão,
É beijo sonhado e beijado na solidão,
Súbita aparição do meu anjo.

Suas mensagens não li ainda,
Mas imagino como redigiu cada uma.
Deitada de bruços na cama, tão linda;

Com um dos braços apoiando a cabeça
Que pensativa compõe as linhas com palavras saudosas
E de carinho pedindo para que não esqueça

As noites estreladas e risonhas,
Os abraços fortes nas chegadas
E as conversas duradouras e as promessas.

Um bocejo e uma pausa para saciar a sede,
Devagar uma gotícula passeia pelo colo que é meu
E arrepia o corpo pálido, sedoso e inocente.

Um vento brando e rápido entra pela janela,
Acaricia seus cabelos soltos com ardor,
São meus pensamentos desejando o que é seu.

Daqui posso ver seus olhos se fechando em lembranças
Como no sonho de uma criança
E no prazer de um grande amor.