A dúvida é um espinho cravado na carne... Renée Venâncio
A dúvida é um espinho cravado na carne
Incômodo cisco que arranha a verdade
Diante dos olhos de quem só quer ver
Mas que, sem saber, não pode enxergar
A dúvida é cortina que escurece a vidraça
Dos que dormem acordados
Só para ver quem passa
Gritando notícias que façam sentido
E trazendo clareza no modo de andar
A dúvida é sombra oriunda da noite
Escuridão para os olhos
Da convicção, o desacoite
De quem caminha sem rumo
Levando consigo a perversa certeza
De nunca saber qual o rumo a tomar
A dúvida é bruma
De pensamentos nublados
Nuvem de fogo
Sentimento salgado
Acrescendo a sede
De quem já tem sede
De saber o que acontece
Sem ter que se enganar
Quem duvida não dorme
E, se dormir, um barulho acorda
Quem duvida não sonha
Porque a dúvida é o pesadelo
Dos impedidos de sonhar
Responda, se eu te pergunto:
Eu sou mentira ou sou verdade?
Quem pergunta quer resposta
Ainda que machuque
Não ter mais do que duvidar.