Tela Abre-se uma tela em minha frente E... Clarie Rochester
Tela
Abre-se uma tela em minha frente
E minha visão fica muito clara:
Tudo tão perfeito e colorido
Sinto-me lisonjeada.
O céu, as montanhas, as nuvens
O lago, as aragens, você.
Um sentimento de insatisfação
Parece me acompanhar sem delongas
A sensação de incompletude
Vem me atormentando sem se dá conta.
A espera as vezes é cansativa;
E quando parece-me o mais exaustivo
Eu apago, entrego-me ao sono consolador como forma de fulga;
Chega novo momento e te procuro,
... ainda não é o momento!
Incansáveis repetições de fugas e momentos novos
registraram no documento divino, na ata de minha vida o aguardo de sua chegada.
Oh! bendita tela que se aproxima
Cada vez que aparece.
Sua cor, seu verde; sua água, sua limpidez; seu céu, transponível, perfeito.
Isso é esperança.
Pinto a tela que vejo
Eternizo aos meus olhos
Envernizo sua moldura
E a coloco a venda,
Mas logo me arrependo,
... não há valor!
O que parecia muito longe
Já não se traduz da mesma forma.
O meu aguardo é uma certeza,
A sua resposta é a luz.
Vejo-te além do horizonte montanhoso
E no escuro duma noite solitária,
Sinto-te de longe a tua saudade invadida pelo inexplicável de minha essência.
Vejo-te entre as lanças dos teus negros olhos
E sinto-te nas aragens frescas do crepúsculo.
Vejo-te nas lágrimas amparadas pelo teu grande barco
E sinto-te ao ponto de tocar minh'alma.
Estais mais perto, consigo perceber.
Posso tocá-lo daqui,
E de pronto completar-me-á.