Letras. Palavras. Frases. Textos. O que... Alana Cunha
Letras. Palavras. Frases. Textos. O que são afinal? Serão eles meros símbolos ou instrumentos para extravasarmos o que vem no espírito? Creio depender de quem os portam. Haverá ou não para aquela pessoa algum significado no que escreve? Estará ela realmente transmitindo por meio de linhas e parágrafos o que queria transmitir com o coração? Há alguém nesse mundo capaz de tamanha proeza?
Sim, respondo. Os há. Quantos e quantos variados e sábios escritores conseguem por meio de poucos versos fazer com que centenas de milhares de pessoas identifiquem-se com a mesma história? Exatamente o mesmo texto. Compartilhado, sintonizado e interpretado por incontáveis e incontáveis seres. Seres que se sentem lisonjeados por terem uma descrição tão minuciosa de suas vidas quando na verdade apenas complementam uma cadeia de tantos outros semelhantes compartilhantes do mesmo sentimento.
Algo mais tranqüilizador que pôr no papel absolutamente tudo que você deseja expor ao mundo e não tem coragem? Algo mais reconfortante que escrever tudo que você tem vontade de falar, mas que por algum motivo não pode? Há alguém provavelmente cujas ambas as respostas tenham sido sim, ou alguém que tenha dito sim em uma das respostas. Talvez em determinadas situações eu mesmo o tivesse dito, mas convenha comigo, as letras fazem seu papel divinamente bem.
E eu lhe afirmo isso não como alguém dominante na teoria e omissa na prática. Não. Eu o digo como a própria intérprete. Onde pôr meus sentimentos quando eles transbordam e não há nenhum recipiente por perto onde eu possa arremessá-los? O que eu faço quando a angústia preenche meu ser e não me deixa aquietar? Sim. Isso mesmo. Palavras. Traduzo tudo em palavras e lá mesmo deixo. Um dia quando resolver voltar e lê-las nem vão fazer mais tanto sentido assim para mim, talvez façam sentido para um novo e anônimo alguém.