Eu “palavreio”, tu “palavreias”,... Amanda Lemos
Eu “palavreio”, tu “palavreias”, ele “palavreia”...
- Leia-me ! Leia-me
-Gritou a rebelde aflita-
- Por favor, leia-me ! Faça-me ato e expressão.
Grite, esperneie, se faça ouvir e decifra-me, se conseguir.
Não permita que eu seja apenas um amontoado de letras, pontos, crases, acentos circunflexos, agudos...
Não permita que eu seja apenas mera estrutura de introdução, desenvolvimento e desfecho.
Ceda-me alguns segundos se quer de seu olhar.
Fixe suas lentes de contato nas interrogações, exclamações, aspas, reticências...
Não se preocupe.
Não mordo, não “xingo”, não desrespeito, não ofendo.
Desde que usada para o bem, e somente para tal.
Transmito, comunico, enfatizo, aprendo, ensino.
Permita-me me apresentar,
Prazer, eu sou a palavra.
Seu domínio sobre o mundo.
PS: Eu ainda me permito ao neologismo, força do hábito.