(Mas finjo ser adulto, digo coisas... Caio Fernando Abreu
(Mas finjo ser adulto, digo coisas falsamente sábias, faço caras sérias, responsáveis. Engano, mistifico. Disfarso essa sede de ti, meu amor que nunca veio - virá? viria? - e minto não, já não preciso). Preciso sim, preciso tanto. Alguém que me aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. Que me desperte com um beijo, abra a janela para o sol ou a penumbra. Tanto faz, e sem dizer nada me diga o tempo inteiro alguma coisa.