Ode à eterna efemeridade do tempo I... Manolo Kottwitz

Ode à eterna efemeridade do tempo I Quando do tempo tornei à realidade, meus olhos já haviam perdido o brilho. Perdi o brilho porque tu, desgraçada vida, Tu, de... Frase de Manolo Kottwitz.

Ode à eterna efemeridade do tempo

I

Quando do tempo tornei à realidade, meus olhos já haviam perdido o brilho.
Perdi o brilho porque tu, desgraçada vida,
Tu, desgraçadamente, me ausentaras o sangue,
e as inglórias imagens da morte vêm me visitando à noite
e me tomando o sono, desde então.

Minha cama de doces lírios pálidos agora espeta-me o dorso,
e nada se há de fazer para conter as vastas mãos da tragédia.

Quando do tempo tornei à realidade, meu corpo já não me pertencia mais,
e pus-me a percorrer a vasta esfera para encontrar-me.
Só que a imensidão me é vil neste instante em que vago devasso por aí,
e esta terra abrasadora queima-me os pés calejados.

Tenho-me apenas na lembrança de um dia calmo,
Mas a lembrança me é insuficiente para sorrir.

[...]