Andei a olhar o igual, tentando... Rafaella Arruda
Andei a olhar o igual, tentando ultrapassar os seus finos e delicados olhos;tentei tocá-lo mas ainda havia um estranho abismo entre nós e isso nos levou a um vazio de palavras (entendam como quiser o tal do "vazio..."). Estou a deriva num inferno medonho, caloroso e pálido: tenho me olhado no espelho.
Meu gato tentou se matar esta semana, pulou do oitavo andar do meu prédio de lamentações e isso me tem posto a pensar que umas grades de segurança nas janelas de minhas lamentações seria algo beneficente. É que eu me lamento demais e silenciosamente desbravo-me, coisa muito complexa de se explicar mas, admito... não sei me expressar pela boca, apenas pelos dedos que por aqui me levam. Qual foi mesmo o motivo de aqui vir escrever hoje?
Ah! Lembrei-me! Vi o igual,cara a cara, dedos apontando para minha triste face...algo desconcertante entretanto, excitante. Excitante seria a palavra cabível? Acho que sim. Funciona assim: uma taça de vinho do Porto a três passos de uma dama solitária (apesar de cercada por gestos). Vi, cheirei, não toquei; um trio de palavras que se repetem em espirais.