Quando surgisses como uma ventania que... Aline K.S.

Quando surgisses como uma ventania que me tomou,
Pensei que fosse um sonho descabido cheio de ilusões perfeitas.
Com teu cinismo sutil como um sussurro,
Mostrou-me como amar acima de incertezas e de medos.
Depois de várias palavras ouvidas durante longas conversas,
Depois daqueles olhares que devoravam um ao outro,
Um desejo insuportável revestido de uma recíproca consumidora do nosso bom senso,
Tomou-nos de forma arrebatadora;
Incontrolavelmente passamos a viver um romance proibido.
Proibido para aqueles que descrêem na essência de uma paixão alucinógena.
Para nós, empecilho algum, para outros, um surto inviável de nossa negligência;
Pisei e esmaguei a repressão dos que reprovavam,
O proibido excitava nossos sentidos com seu aroma diferente.
Nossos desejos desconcertantes iam se revelando em nossas loucuras.
Nos encontros às escondidas, o êxtase consumia o medo da descoberta.
No entanto, vivi a amar a esperança, já que a mim prometesses nada além de momentos incertos de satisfação própria.
Chegou a dizer que não prometerias amar-me, era apenas um romance casual.
Passei a regar minha existência com uma maturidade que não existia,
Repetindo, a cada suspiro de tristeza, que compreendia e aceitava.
Passei meus dias tentando enganar a solidão,
Tentando não amar quem me tinha como diversão.
Quando tudo parecia tolerável,
A tua frieza congelou meus sonhos,
O desrespeito com o pobre sentimento que me assolava,
Corroeu minha alegria trazendo uma revolta incontrolável.
Fui dominada por uma raiva que me extorquiu lágrimas de sangue.
E mesmo depois de destruída pela tua ingratidão,
Segui amando como um capacho da minha idiotice.
Entretanto, tudo nessa vida tem limite, o meu chegou ao pico da intolerância.
Para conseguir minha libertação,
Tive que renunciar àquele sentimento que ardia como fogo,
Para não virar pó nas chamas da rejeição.
Renunciei para não morrer enterrada numa paixão não correspondida.
Renunciei porque amar sozinha é viver de migalhas.
Renunciei porque não reconhecesses o que tinha valor e eu via valores onde nunca existiram.
Renunciei para não construir sonhos grandes em uma pessoa pequena.
Renunciei por ser a ultima opção no teu cardápio de conquistas.
Enfim, renunciei porque reconheci não precisar de ti para ser feliz.
Prefiro o vazio da solidão à mesquinhez dos teus caprichos.

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