O que será um laço? Será que sabemos... Carlos almeida
O que será um laço? Será que sabemos diferenciar um laço de um nó? No dia de hoje trago uma mensagem para que possamos refletir que nossas ligações devem ser como laços. Do poeta e escritor gaúcho Mário Quintana, encontramos uma preciosidade que fala sobre algo muito simples: um laço. Escreveu ele: Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... Uma fita... Dando voltas. Enrosca-se, mas não se embola. Vira, revira, circula e pronto: está dado o laço. É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço. É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço. E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando... Devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço. Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido. E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço. Ah, então, é assim o amor, a amizade. Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita. Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço. Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade. E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços. E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço. Então o amor e a amizade são isso... Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam. Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço! Tem toda razão o poeta em sua analogia. Amor e amizade são sentimentos altruístas. Quem ama somente deseja o bem do ser amado. Por isso, não interfere em suas escolhas, em seus desejos. Sugere, opina, mas deixa livre o outro para a tomada das próprias decisões. Quem ama auxilia o amado a atingir seus objetivos. Nunca cobra o ofertado, nem exige nada em troca. Quem ama não aprisiona o amado, não o algema ao seu lado. Ama e deixa o amado livre para estender suas asas. Assim crescem os dois, pois há espaços para ambos conquistarem. Na amizade, não se faz diferente o panorama. O verdadeiro amigo não deseja que o outro pense como ele próprio pois reconhece que os pensamentos são criações originais de cada um. Entende que o amigo é uma bênção que lhe cabe cultivar e o auxilia a realizar a sua felicidade sem cogitar da sua própria. Sente-se feliz com o bem daquele a quem devota amizade. Entende que cada criatura humana é um ser inteligente em transformação e que, por vezes, poderão ocorrer mudanças na forma de pensar, de agir do outro. Mudanças que nem sempre estarão na mesma direção das suas próprias escolhas. O amigo enxerga defeitos no coração do outro, mas sabe amá-lo e entendê-lo mesmo assim. E, se ventos diversos se apresentam, criando distâncias entre ambos, jamais buscará desacreditar ou desmoralizar aquele amigo. Tudo isso, porque a ventura real da amizade é o bem dos entes queridos. Um laço que ata... Um laço que se desata.. Aqueles a quem oferecemos o coração, poderão se distanciar, buscar outros caminhos, atravessar outras fronteiras. Eles têm o direito de assim proceder, se o desejarem. De nossa parte, lembremos da leveza do laço e cuidemos para que não se transforme em nó, que prende e retém. Querida amiga! Vamos fazer de nossas relações laços leves, laços de amizade, laços de amor, onde jamais transformemos num nó. Mário Quintana expõe muito bem o que é um laço. Que possamos ter vários laços em nossa vida e sejamos felizes!