Ponto Fraco Nem sei mais como é que era... Aline Mariz
Ponto Fraco
Nem sei mais como é que era quando eu não pensava tanto assim em você. Talvez eu só tivesse a cabeça mais livre, desocupada. Agora tudo que me vem à mente são teus trejeitos, tua cara lavada de quem faz o que quer e não dá a mínima pra ninguém, a facilidade com que você me deixa boba - do tipo besta mesmo -, esse teu jeito que não consigo ler, coisa que muito me encantou - e encanta.
Tem vezes que nem estou fazendo nada, tudo em branco em minha cabeça e quando resolvo pensar nalguma coisa, vem logo você invadindo meu espaço, entrando na minha cabeça como quem entra num quarto sem pedir licença. É engraçado quando me pego fazendo isso, lembrando de você por nada, só porque meu coração decidiu ser cérebro e imaginar o que você estaria fazendo, se alguma vez já se lembrou de mim pelo mesmo motivo, simplesmente por lembrar ou por ter um mínimo de afeição ou por qualquer outro motivo, nem que fosse uma música que você achou que eu gostaria. Queria poder saber o que é que se passa nessa sua cabeça por pelo menos três instantes. Não me importa que três instantes sejam medidas minúsculas, eu só queria tentar te entender,
nem que fosse apenas por esse pouco tão minúsculo.
Venho pensando tanto em você. Não sei o que é que me dá. Parece que qualquer coisa está ligada a você: a cidade que passa correndo, meus olhos lacrimejando com o vento, as luzes borradas, as gotas apostando corrida na janela. É assim mesmo que o pensamento que tem teu nome gravado aparece: do nada. Até mesmo quando estou num ônibus quase vazio, voltando para casa apenas pensando em coisas bobas pra me distrair, e clique: você. É como um clique mesmo, como se fosse um botão automático, apertando em cada momento no qual, supostamente, eu me esqueço de você.
Penso tanto em você. Me alivia. Tem sabor quente, aconchegante, como se pedisse pra eu ficar. Mas não precisa pedir, estou aqui, do teu lado, com minha mão colada na tua e dizendo "te quero sempre assim". Você me diz que está tudo bem e deita no meu colo, me chama de benzinho e ficamos tanto tempo desse jeito que parece que nunca vamos soltar. Mergulho em teus olhos, me esqueço por lá, me perco em você.
Tudo faz clique de novo. Parece que vai quebrar. Volto pro começo e continuo pensando em você. Me alivia. Tem sabor quente, aconchegante, como se pedisse pra eu ficar. Mas não precisa pedir, não. Eu fico... Você é meu ponto fraco. Partir (de você) dói.