Muitos dizem que sou louca, que sou... Flávia Drummond
Muitos dizem que sou louca, que sou feliz. Não num sentido bom, de elogio, mas num sentido de crítica. Também, quem elogiaria alguém o chamando de louco? Quer saber? Pouco me importo por essas palavras, jogo- as ao vento, pouco me importa o que pensam, pouco me importa se dou risadas quando quero, se digo coisas sem sentido, se grito sem saber. E são essas suas críticas, meu amigo, que me fazem existir. Sabe, eu gosto de ser assim. Agradeço a Deus todos os dias por me fazer rir, mesmo que em momentos de puro desespero. Aqueles momentos no qual me da uma vontade tão grande de fugir, que fujo. Vou pra muito longe, muitas vezes não sei nem onde estou. Pego uma pequena mala, ponho minha máquina fotográfica, uma muda de roupas e fotos de recordação. Pego os meus amuletos e dou partida. Entro no primeiro trem que passar, e lá vou eu, tirando minhas fotos, admirando as paisagens, as pessoas, os lugares. O novo! Que legal, o novo!! Como gosto dele, como ele me faz bem. Eu não tenho medo do novo, cara ! Eu vou em busca dele. E minha viagem é maravilhosa, vou pensando, dormindo, até encontrar uma resposta ou não encontrar e estar ali apenas por viajar. E na maioria das vezes é assim, sem qualquer resposta. Às vezes até angustiante, mas com certo prazer. Quando volto, depois de uma longa viagem, me sinto leve e aquela agonia toda passa. Sinto-me renovada, pronta pra outros problemas, novos amores, novas aventuras, tudo novo! Assim vou levando a minha vida, na incerteza do que virá, do que sou. Na alegria de ser surpreendida. Como gosto disso, a surpresa me da ânimo pra vida. E é assim, entre vírgulas e pontos que faço a minha história, com viagens loucas, cada uma com a sua devida melodia. Comprando passagens sem saber o destino, sem saber quando volto e se volto.