"Lembrei do dia em que chamei seu... Clarissa M. Lamega
"Lembrei do dia em que chamei seu irmão de "docinho" no telefone, pensando que era você, e da vez que gritei com você pelo telefone e logo depois bati à porta da sua casa com o urso que você me deu debaixo do braço e chinelos, pedindo para dormir com você. Assisti o filme que vimos no cinema no nosso primeiro encontro, vesti seus chinelos tamanho 42 por um dia inteiro, tirei sua blusa (que você esqueceu comigo) do guarda-roupa e deixei seus cheiro se misturar com o meu. Chorei um pouco lembrando do último beijo e da última vez que passeamos de mãos dadas, das brigas intermináveis e da última palavra. Chorei lembrando que fiquei com o telefone no ouvido escutando o "tu tu tu" depois de você ter desligado. Passei na frente da sua casa, fiquei parada um pouco vendo as luzes dos cômodos se acenderem e se apagarem, fui embora. Lembrei de quando você me aninhou na rede, lá na praia, e cuidou de mim quando eu me gripei e fiquei de cama. Comprei o sabor de sorvete que você gosta e comi sozinha assistindo um filme deprê. Li umas revistas que você achava a maior bobagem do mundo, escutei a "nossa música" no repeat do rádio. E sabe de uma coisa? Nada que eu faça vai diminuir a dor da perda, então quero mais é sentir cada milímetro de você dentro de mim. Dói sim, é difícil sim. Mas te lembro e te curto em cada detalhe do que ficou: desde uma meia embaixo da cama até uma frase sua cochichada no pé do ouvido. Sinto você perto de mim todos os dias, e sei que foi bom o que passou. Mesmo longe, pensa em mim também, tá?"