" O telefone toca, eu atendo, a... Gabriele Fernandes
" O telefone toca, eu atendo, a Alanis canta a minha música preferida, eu ouço alguém do outro lado da linha me chamar de maravilhosa e me encher de elogios. É óbvio que esses elogios são só para me levar pra cama. Tenho vontade de desligar o telefone, é uma pena eu ter acordado de bom humor. Então, o deixo falar... E ele continua a conversa falando de minhas qualidades sem ao menos respirar a cada elogio direcionado a mim. É incrível ver o quanto as pessoas se esforçam, elas até tentam, mas não conseguem alcançar um milímetro do meu coração. Acabam por tornarem-se apenas o que são: banais. E eu escuto a Alanis cantar o trecho da música mais linda de todas: " Eu sou um doce trabalho inacabado, erroneamente rotulada e subnutrida. Tratada como uma rosa sendo uma orquídia... " E eu tenho vontade de mandar esse cara pra aquele lugar só por ele estar atrapalhando a minha canção que eu tanto amo, me falando essas baboseiras que eu poderia até repetí-las de tanto já ter ouvido de outros caras. Porém, resolvo deixar pra lá, não vai adiantar nada mesmo. Deixa ele pensar que acredito em tudo o que fala. Os homens não gostam de mulheres espertas. Eles têm medo dessas mulheres. Um pouco por seu lado machista, mas um tanto por serem burros mesmo. É até divertido ver o quanto eles são incompetentes. E eu continuo sendo essa chata, desbocada e nem aí pra nada. Quero mesmo é que tudo se dane, que o mundo exploda e eu vire pó e cinzas. Afinal, essa é a única certeza que temos na vida: a certeza de que morreremos e ponto final. Acabou. Sem finais felizes, sem príncipes, sem gente 'pé no saco', sem vida, sem nada. Apenas pó e cinzas, jogadas ao vento, onde desaparecerão e não significarão mais nada. "