A folha em branco está preparada para... Vanessa Ribeiro
A folha em branco está preparada para um desabafo..
Mas será que eu estou pronta para desabafar?
Tudo é muito convidativo, as lágrimas, a solidão, todos já dormem..
Eu preciso mais é de conforto, estou segurando a louca vontade de correr pros braços de alguém e chorar sem segurar sequer uma gota.
Eu me quebro, que dia péssimo, me valeria mais não ter acordado hoje.
A folha em branco já contém alguns rabiscos, talvez eu rabisque a noite toda, que tal? Isso me distrái e as vezes eu dou risadas no canto da boca me achando uma boba por perder o tempo com isso.
Desenho um coração, a se todo esse amor fosse transformado em ódio, eu já não estaria mais aqui, você já não estaria mais aqui.
Não são mais tantos rabisco, resolvo virar a página, o verso na verdade, e começo a desenhar mais corações, pontos de interrogação vão surgindo, de pequenos vão se tornando enormes e ocupando cada vez mais espaço na folha que já não está mais tão limpida, rabiscos, riscos, folha completamente suja, frente e verso, como o meu coração.
Folha nova? Não, vamos parar de brincar, meu coração não é assim! Te amar é algo tão inapalpável, tão incerto e pertubador. Sofrer com ou sem você? Já nem sei qual me dói mais.
Não dá pra controlar algo assim, não tem sentido existir isto dentro de mim. Ei, vamos parar de rabiscar meu coração, errar e passar uma borracha qualquer.
Me torci, me refiz, me inventei, mudei e nada foi o bastante para você me amar incondinalmente. Você ainda não esta aqui por inteiro.
De ótimo a péssimo, é assim, uma montanha russa, totalmente descontrolado este nosso amor. Me pergunto por vezes por que ainda estou aqui, me chingo incansalvemente, sua burra. Desde quando estamos nesta situação? Desde quando não nos respeitamos, ouvimos? Desde quando não confiamos? Será que um dia confiamos verdadeiramente? Desde quando estamos juntos por inteiro? Já estivemos assim?
Não adianta mais procurar tudo isso, não vamos encontrar, já foi tempo perdido demais. Preciso de forças, já menti demais para mim mesma, me enganei, perdoei demais e finji demais, sabendo que não teve verdade em momento algum, chega de mentir, eu quero acordar, alguém me belisca eu preciso sair deste pesadelo, quando é que virou sonho?Alguém me conta? Ei coração, por que eu nunca quis enxergar?
Eu já procurei demais a verdade, encontrei só mentiras. A saudade vai machucar, a vontade vai doer, mas o meu mundo já desabou o bastante hora de refaze-lo.
Entre rabiscos em cima dos rabiscos antigos, escrevo frases que não podem ser lidas, aquelas que ficam guardadas comigo, escrevo entre letras grandes e grotescas até as pequenas cansadas.
Se eu te amasse um pouco menos quem sabe. O infinito é a única coisa que consigo olhar quando estou perto de você, me distraio entre pensamentos de saudades e a vontade de correr pra longe. O que é isso que estamos fazendo? O que estou fazendo a mim mesma?
Olhar pra longe me salva, evita te olhar e fingir que aceito teus defeitos, não aceito a algum tempo, não aceito mais suas manias, não me descem mais, seu vicio com coisas futéis, não isso não é pra mim. E ao te olhar vejo um menino, totalmente despreparado para qualquer que seja o assunto, principalmente, despreparado para estar ao meu lado. Não me imagino sem você, porém não lhe vejo mais em meu futuro. Você diz incansavelmente que eu estou em seu destino e em seu futuro, então venha cá meu amigo, escute, para colhermos um bom futuro é necessário plantarmos hoje boas coisas. Você é como terremoto em forma de paixão.
Vou inventar outras mentiras a mim mesma, vou mentir que te esqueci, e gritar algo para que todos saibam. Vai doer, muito. Vai ser dificil, mas é hora de inventar uma mentira que me traga boas coisas no futuro. É isso. Vou mentir. Finjir que tenho novos planos e que está fácil recomeçar. Vai tomar minhas noites, minha paz, meus sorrisos falsos continuaram aqui, hora ou outra cairam lágrimas, mas que caiam, vou mentir pra mim mesma que elas não estão ali e ninguém jamais saberá, muito menos você. Vou dar uma basta nesta solidão a dois. Viro a página, folha em branco, tanto frente como verso, limpida, não vou escrever nada ainda, nem rabiscar, vou esperar para contar a verdade nesta, isso, ela será a premiada na hora certa. É chegada a hora, nem que o mundo se acabe, hoje eu quero te esquecer, bye bye menino.