"VIAGEM" Eu decidi sair por... Patty Vicensotti

"VIAGEM"


Eu decidi sair por aquela porta,querendo encontrar todo tempo perdido e guardar-los num espaço que coubesse minha prepotência.O que eu quero,eu quero.Não mudo,não substituo.Tem que ser assim ( ponto).Não consigo ser feliz batendo de frente comigo.Pode parecer egoísmo,mas só depois de tanta "sede",daquela que te senta no meio da noite,mas te limita um passo que seja,pra que se levante, já sentindo uma certa fraqueza,do que não sei o que,sufocada como um trago de cigarro após um jogo perdido,já totalmente vulnerável,foi que me fez entender que minha saciedade não era do nada .A vontade de sair por aí inventando assunto com a primeira pessoa que surgisse,sem olhar pro lado,nem ficar imaginando aquele "vulto" o tempo todo comigo, já eram sinais vitais de que seria: um certo amor (in) próprio.Uma incompatibilidade,digamos,casual.(Acontece!).Foi ficando estranho.Comecei a crescer numa ânsia,como se ela fosse me secar por inteira.O sangue já era água,fria,que vazava do fundo dos olhos e escorria um tracejado de um caminho,sinuoso e salgado,terminando na haste de um dedo,interrompendo.Tudo diminuindo por dentro,ficando apertado e transparente.Visivelmente compreendido e insuportável.Não ia caber mais ninguém,logo se via.E eu tinha que sair também.Mas o que fazer com o medo?Deixar de abrir mão dos meu valores, é como se eu adquirisse mais centímetros nas pernas,descobrindo que posso alçancar um pouco mais alto e tocar o distante.Como criança, quando coloca o salto da mãe e fica imaginando o dia de caber nele,sabe?Mas ter que readquirir forças,abrindo não só mão,mas mente,coração,uma vida já costumada aquela situação,foi o mais difícil.É assim que estou saindo para uma viagem,daquelas que se passa um bom tempo só planejando.Me despedindo de um comodismo pra finalmente ter esse encontro comigo,numa estação,num banco,num vasinho de violeta no canto,numa conversa sem hora marcada,num domingo sem obrigações,ou num dia sem nada.Só eu e eu mesma,num abraço de quem a muito tempo não se vê.E vou ficar falando comigo,num belo chá ,relembrando sonhos, projetando o futuro.Idéias frenéticamentes soltas,como os passos que quero ter,em torno daquilo que mereço,mesmo que inseguro,como se amarrados numa linha de pipa.Nem que eu me arrebente toda,preciso saber como é voar.Ser absoluta,e me casar com meu lado mais interessante.Quem dera?Já é hora!Meus filhos nascerão dessa viagem: Felicidade,Liberdade e Realização.Quer carona?