Aqui ainda resta a esperança A gente... Aline Mariz
Aqui ainda resta a esperança
A gente finge. A gente finge que não vê o velho que está sentado na beira da calçada, implorando por um prato de comida. A gente finge que não está vendo um rosto carente de felicidade, quando uma criança vem nos pedir uma esmola. A gente simplesmente finge que essas pessoas não existem.
Fingimos, e ponto final.
Fingimos por medo, por conveniência, por ignorância.
Fingimos por puro egoísmo.
Viramos o rosto para não ver os problemas que existem em cada esquina, achando que essa atitude, um dia, pudesse resolver alguma coisa. Vivemos num mundo próprio, e deixamos para lá as vidas que não participam dele, afinal, elas não nos atingem... Temos medo de tentar corrigir o erro que já se deu por confirmado há muito, mas esse medo só nos faz perder tempo.
Mais do que tempo, perdemos também a pureza e a justiça. Em troca? Em troca ganhamos um mundo moldado na ilusão de que a felicidade é algo que se compra. Não, ninguém vai achar a receita da felicidade no seu programa preferido da tv. Até quando vamos fingir que não tem nada de errado? Até que o mundo seja engolido de vez pelo egoísmo?
Os erros foram feitos, estão todos aí. Só falar e lamentar não vai nos levar a lugar nenhum... a única solução é a mudança. A nossa mudança.
Se nós mudarmos, o mundo vai mudar com a gente. Por favor, peço que saiamos desse comodismo que só nos afunda cada vez mais num buraco sem fundo. Peço, ainda, que o amor sobreviva, e com ele, a esperança.
Precisamos entender que o que é bom só existe quando compartilhamos... Precisamos amar, ajudar, acreditar.
Precisamos ser de carne e osso.