- Vou te confessar que não vejo tanta... Renata Mulinelli
- Vou te confessar que não vejo tanta graça assim em fogos de artifício, toda aquela barulheira, a fumaça. Me rendo frente as suas cores e a magia das "luzinhas-no-céu". Mas, experimentando sentir as estrelas, silenciosamente muito mais intensas, não há como comparar a essas luzes estrondosas e exageradas. Estrelas são simples, estrelas estão sempre lá, enfeitando sonhos e noites solitárias, não cobram atenção e não fazem exigencias, não há pois o que esperar.. Simplesmente o são, simplesmente brilham.
Fogos são pomposos, cheios de si, exuberantes e esperam sempre por suspiros de admiração e expressões embasbacadas olhando unicamente para eles, exigindo toda atenção que puderem extrair. Fogos de artifício não deixam espaços para sonhos, para sinceridade, para a alma levitar. O que me faz pensar que as pessoas não se permitem mais sonhar. São 365 noites estreladas por ano, e sabe-se-lá-quantas de fogos de artifício, e são poucos os que deixam a paz reinar olhando para o céu quando não há os sons pedindo atenção. Como tudo que é simples, como tudo que é puro, estrelas são esquecidas e deixadas no simples estado de existência, nada mais, nada menos que existir, notadas apenas pelos corações apaixonados e uma ou outra alma perdida e desorientada, que procura encontrar lá em cima, no céu, na morada de Deus, Allah, Jah, ou seja lá qual for o nome que dê a sua crença, os caminhos que não encontra na terra. Entregues ao simples ato de existir, sem tentar ofuscar nada, sem necessidade de alcançar nada, vistas por quem as querem ver, simples, livres, intensas, reais, sem pretensões nem decepções, assim são. E brilham, brilham! Como eu queria ser estrela..