Não se pode encontrar, um exemplo que... Gil

Não se pode encontrar, um exemplo que seja tão fiel ao conceito de “feedback” negativo, do que a repetitividade. A mesma leva-nos a um quadro crônico de desinteresse, pois as atitudes do presente são sempre comparáveis as ações do passado. E esse desinteresse por algo deixa-nos, então fadado ao fracasso.
Ao anunciarem o inicio do tão badalado programa de “reality show” o “Big Brother Brasil” (BBB) em sua décima edição, varias foram as manifestações contrarias por parte da mídia, onde a mesma mostrava-se totalmente dicotômica, ora odiava, ora vangloriava-o, porém há mais quem o odeia, surgindo assim as mais diversas especulações sobre o insucesso do mesmo.
O diretor do programa Boninho em suas entrevistas também dava sinal de que a repetitividade o levasse ao fracasso. No entanto, ele talvez com total autorização da Endemol, mudou o formato do “reality show”, foi abandonado o formato padrão, e como participante do programa inseriu ao meio um ex-bbb, o famoso Dourado. Um tiro certo ao alvo, será?
Boninho faz jus ao posto que ocupa, pois o tiro foi certeiro. O mesmo tem-se utilizado do maior poder da publicidade – a persuasão. O novo formato do programa vem com sua particularidade não tão percebível nas edições anteriores. O diretor, deliberadamente exerce influencia nas pessoas, e isso é perceptível. Os mecanismos da persuasão utilizada nas edições do novo BBB conduzem as pessoas a um comportamento determinado onde as mesmas tornam-se afetadas por essa comunicação em relação com o próprio conteúdo do programa.
Onde podemos perceber este poder persuasivo? Nas próprias palavras de Boninho. Em resposta a um blog o diretor concorda com as palavras de uma seguidora, a qual diz: “para mim o 'BBB' acabou a graça... incrível as pessoas acharem que o Dourado (preconceituoso, ignorante...) mereça ganhar o prêmio!”. Estes adjetivos a qual a seguidora associa ao participante não são tão expressivos após as edições do BBB10, talvez os poucos que assistem ao “BBB Pay-per-View” consigam identificar tais qualificações ao mesmo.
Na programação da TV aberta as imagens passadas de Dourado é a imagem de um monstro adorável. Que dicotomia há nesta fala, “um monstro” nos remete a uma idéia de algo horrível, deplorável, assustador, abominável enfim evitável. E adorável, quanto sentimento tem que ser posto pra se ter tal qualidade, não há como associar tal sentimento a algo evitável. Boninho e suas proezas consegue unir tal aversões.
Essa associação do repelível ao afável é mais um dentre muitos outros artifício usado pelo diretor para persuadir as pessoas a não repudiarem o participante Dourado. As edições do programa trazem conteúdos persuasivos emotivo ligados aos sentimentos e emoções do participante.
Os sentimentos representam aspectos, estados afetivos complexos que existem em todas as pessoas, sem que se saiba, com certeza, como se formam, mas que influenciam o comportamento das pessoas. A emoção representa uma forma de excitação perante uma situação que normalmente leva à aparição de um sentimento. O carinho, o amor, a felicidade, a alegria, etc., são alguns dos principais sentimentos a que apela a publicidade através de processos associativos.
Boninho é muito solidário a Dourado, porém, concomitante a este sentimento torna-se antiético ao publico. A solidariedade é a condição do grupo que resulta da comunhão de atitudes e de sentimentos, de modo a constituir o grupo em apreço uma unidade sólida, capaz de resistir às forças exteriores e mesmo de tornar-se ainda mais firme em face de oposição vinda de fora. Dourando não esboça respeito algum ao ser humano, não se sabe por ignorância pura, ou por puro preconceito. Em uma de suas gloriosas frases disse: todo homossexual é portador do vírus HIV – em pleno século vinte e um, não se pode acreditar que seja por falta de informação.
Até agora Dourado resistiu às forças exteriores, todas as vezes que foi posto a julgamento (se saía ou permanecia no programa) pela opinião pública, o mesmo foi absolvido do castigo de sair. Não se pode pensar que uma empresa com o “know-how” da rede Globo de Televisão, não seja idônea ao ponto de manipular os números da votação. Pensemos sim na capacidade de persuasão de Boninho. Apesar no deslize no dia de julgamento entre Dourado e Dicesar, onde as votações encerraram logo no inicio do programa, momento este decisivo pra se julgar as pessoas. Pois ao se consultar outros sítios (UOL, Terra, Bol) que simulam votações pra o famoso paredão via-se um empate onde Dicesar poderia vencer Dourado. Estes sítios trabalham com estatística, então após este BBB não acreditaremos mais na estatística (Lula não venceu Serra).
Deve-se parabenizar Dourado? Então, meus parabéns Boninho. Pois não é Dourado que vencerá este programa e sim sua idéia. Já pensou se realmente este programa fosse um fracasso? Talvez nós não teríamos mais outras edições do “Titanic” da TV Globo (BBB) e nem você mais o seu emprego. Então o BBB não naufraga e você não afunda.