Olhos do amanhã Ao longe os pássaros... Kléber Novartes
Olhos do amanhã
Ao longe os pássaros cantam
Cantam como nunca ouvi antes
As flores ganharam tonalidades diferentes
e o perfume dá pra sentir de casa
Logo a frente a morte me espera
(não é a primeira ou segunda vez...)
E o coração desse menino bobo chora
Não de medo, a vida tirou-lhe isso
Chora de saudade dos amigos e familiares,
das rodas de prosa e samba,
da caneta e do papel
Chora por Títa
Convém que sejas feliz minha amada
Tão feliz como fui eu ao teu lado - todos os dias
Nunca esteja só
Só é solidão demais pra suportar
quem aguenta?
Nunca desista
Desistir é fácil e o que é fácil não tem graça,
e isso por sua vez, não se perece contigo
Olhe com ternura
Todos estão olhando com as mãos
Abrace sincero
Visite meus amigos por mim,
diga aos meus pais, irmãos, filhos e netos
que eles são um tesouro peculiar
Cada um me suportou ao seu modo
e assim me fizeram feliz
Diga aos necessitados que não mais o são
Não por mim, mas por eles próprios
Veja o sol indo, veja ele vindo
Lute por ti e pelos outros
E se a maldade aqui for muita,
chame por mim, que venha te buscar
Mas, faça isso
Aos jovens sabedoria
Aos velhos coragem
E me perdoem o egoísmo,
levarei tudo o que posso
Eterna saudade