Como eu pude ser tão egoísta E não... Hugo Radamésio
Como eu pude ser tão egoísta
E não ver o que realmente era real.
O que de mim para existir não dependia,
Mas eu para existir era dela dependente natural.
Como puder calar na hora do grito,
Se o silêncio foi pior que a negação.
Não tive coragem de dizer o que deveria ter dito,
E agora tudo que eu falo é em vão.
Como eu pude perder os meus dias,
Em busca de uma vida que não vivi,
E quanto mais eu buscava saída,
Deveras, as vezes eu só me perdi.
Doravante não negocio mais meus sonhos,
Por prazer tão pueril e mitigado,
Pois na efemeridade de uns lábios risonhos,
Habita um veneno disfarçado.
E quando nada encontrei em minha volta,
Me fechei num casulo para me transformou a tristeza,
Aquilo que era amargura, desgosto e revolta,
De repente rompeu e brotou a frieza.
Na minha solidão eu vivo com aquilo,
Que macula minha alma e meu coração,
De não ter sequer permitido,
Viver uma grande paixão.