9 De madeira pintada de branco Foi teu... Humberto
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De madeira pintada de branco
Foi teu primeiro e único berço
Invólucro de mim em miniatura!
Esquife de inestimável tesouro
Em fétida carneira depositado
Habitada por todas as ordens de insetos!
Orgãos inertes
Pulmões que não sorveram ao ar
Olhos que não viram
Perfeição inútil, imperfeita!
Ordem invertida
O translado, foi todo o tempo em que tive aos braços
Haverias de carregar-me rumo ao Letes...
Teu par e poucos de peso
Fizeram-me suar, feriram-me aos músculos, nervos, carne
Alma!
Dei-te adeus, antes de haver-te conhecido por inteiro
Vida esvaziada
Alegria podada
Sonho interrompido
Esperança nati-morta!