Eu era assim. Tão pequenina e inocente... Ludmila Mothé
Eu era assim.
Tão pequenina e inocente que nem me lembro. Tão perfeitamente ingénua que não dei por isso. Era tão inexperiente, tão além do mundo. Toda a gente me dizia que parecia um elefante de maiot quando usava vestidos cor-de-rosa, toda a gente se assustava com os meus olhos grandes, cor de avelã, toda a gente apertava as minhas mãos bolachudas e as minhas bochechas apetitosas. Toda a gente se ria das minhas brincadeiras inocentes de criança, menos eu que não sabia porque se riam. Todos se riam quando olhavam para mim. Ninguém me disse a verdade. Deixei passar, não percebia. Passou a ser todos os dias, todos os dias se riam de mim. Dos meus vestidos, das minhas mãos, da minha cara. Na escola ficava sozinha rodeada de crianças tão iguais a mim, ou pelo menos eu achava-os iguais. Eles gozavam-me por ser diferente, diziam eles. Até que houve um dia.Que cai em 15 anos,e vi que aparentemente mudei totalmente,mas que continuo tentando buscar o máximo de pureza possível,e sempre acreditando que sem o amor de Deus eu nada seria.