Mais um dia como outro qualquer. Digo,... Ana Meira
Mais um dia como outro qualquer. Digo, como todo os outros iguais a esse e iguais a todos os outros de segunda à sexta, entendeu? Os dias pra mim viraram degraus: meia noite eu subo um e sento e fico sentada até dar meia noite de novo e subir mais um. A parte ruim é ter que ficar sentada. TER que ficar sentada. Sentada, quieta, esperando. Esperar não era meu forte, mas a cada degrau o meu forte se torna esperar.
Nos primeiros degraus olhava pra cima e não via o fim, achava os dias longos, eternos, muito eternos. Bem exagerado, mas sim, pra mim eram eternos. Na verdade toda essa eternidade vinha da minha não paciência, que agora não existe mais, aliás, se tornou menor que a paciência dita só. Enquanto fico sentada, esperando pela meia noite, eu planejo, sonho e lembro. Eu cresço. Pequenos diante de mim e do que sinto, os obstáculos, principalmente os que não vejo, mas sei que existem.
Agora olhar pra cima e ainda não ver o fim não me importa mais. O que importa pra mim é que eu vou ver o fim, é o que eu quero. Eu escolhi e vou até o fim. Não importa o tempo, os degraus me ajudam, o que sinto me ajuda, meus desejos me ajudam, minha fé me ajuda, até os obstáculos me ajudam. E sabe o que eu penso? É contraditório, ou não é, mas pode ser. Enfim, penso e sinto, sim eu sinto, que o fim ta mais perto do que penso.