Hoje eu vou dar o braço a torcer. Sem... Fernanda Mello
Hoje eu vou dar o braço a torcer. Sem ais nem uis. Mas com um sorriso gigante estampado na cara. É assim. Às vezes a vida nos prega peças inesperadas. E o que é melhor: nos mostra um jeito novo de caminhar. (Ou um caminho diferente a seguir).
A verdade, pouca gente sabe. Sempre fui dona do meu próprio nariz. Do meu espaço. Do meu dinheirinho que nunca sobra. Da minha liberdade, do meu jeito apressado de fazer tudo sozinha. Não tenho hora pra nada, minha bagunça tem seu lugar, sou meio cabeça-dura. E minto. Digo que malhei, que comi direito, que dormi 8 horas, que eu me viro, que não precisa se preocupar, que aquela dorzinha passou, que está tudo bem, obrigada! Mas tem horas que não dá. Cansa fazer tudo sozinha. Cansa não ter ninguém ao seu lado. Cansa não dividir. Cansa não poder dizer: aqui, pega pra mim? Cansa fazer tudo e tentar ser tudo ao mesmo tempo. É, não é fácil não. Dá um puta trabalho DAR CONTA DA GENTE. Mas sou adepta da frase de Nietzsche: "Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia". EU ODEIO.
Sou uma ótima companhia para mim mesma, adoro ficar sozinha, lendo, escrevendo ou fazendo o meu nada. Prefiro me afundar em mim a ter que ouvir gente falando besteira ou contando vantagem. Bom, mas deixa eu não me perder. Todo esse blablablá só pra dizer o seguinte: EU DEI A CHAVE DO MEU CORAÇÃO PRA ELE. Vocês ouviram? Eu, logo EU! De repente me vi olhando pra aqueles olhos lindos e falei: TOMA, É SUA. Pega, entra e não vai embora. E ele entrou. Na minha vida. Na minha casa. Confesso que não foi fácil. Mas admito que estou conhecendo (num gerúndio de amor sem fim) essa coisa maluca de gostar de verdade. É. De conhecer família, manias, amigos e piores defeitos.
Não, não tinha como dizer não.
Ele é tão doce, o coração dele é tão grande e o jeito dele é tão determinado que eu fico feliz em sentir o perfume dele grudado nas roupas que ele esquece, largadas pelo chão. (Alguém imaginava que um dia isso fosse acontecer?). A gente é tão igual e ao mesmo tempo tão diferente e eu não tenho mais 20 anos e eu sei, eu sei... Nem tudo é um mar de rosas. Temos dias difíceis, relógios biológicos diferentes, ritmos que às vezes se chocam.
Eu, com minha tpm, meus livros e meu jeito. Ele com seu ciúme camuflado, seus mil programas e seu jeito de abraçar o mundo. Mas quer saber? Eu olho pra ele e fico pensando sozinha: será que alguém nesse mundo faria o que ele faz por mim? Porque ele me escuta, me aguenta, me mima, me inspira, me faz sentir a mulher mais linda e especial do mundo. E eu acredito nele, acredito em mim e acho o amor a coisa mais egoísta que existe.
A gente ama o outro por tudo aquilo o que ele nos faz sentir. (E ser). É, pessoal. Por ele, esvaziei minhas gavetas, meu armário e meu coração. Pra reciclar energias. Pra ele entrar, ocupar o espaço em branco. E ficar. Não importa se a gente vai se casar, se vamos nos matar daqui a um ano ou se o mundo vai acabar amanhã. Nada interessa. (Embora eu espere que tudo o que eu sinto dure pra sempre). Estou agora com coração nos olhos e um sorriso grudado na boca. Para mim, a melhor hora do dia é ver o sorriso dele entrar porta adentro. Nesse momento, o tempo pára e não há nada que me faça sentir como eu me sinto.
"Torna-te quem tu és", disse o filósofo.
E EU SOU. (Por nós).