Desespero Imortalidade viceral Desejo de... T. Ellen Miranda
Desespero
Imortalidade viceral
Desejo de vinho e cartas embaralhadas
Foi quando as vozes me disseram
O que o destino me reservou que acreditei
As janelas estão fechadas
Sem caminho e bagagem
Estou atada aos teus pés
O lençól vem em minha direção
Um fantasma sem predileto
Um canto obscuro na sala pequena e mórbida
Não tenho roupas para sair
Desse labirinto
Minhas unhas se partiram nas paredes
Não vejo escadas
Nenhuma porta para abrir
Parem com seus cantos
Vocês me ferem
Estou em prantos
Meu telhado cai ferozmente ao chão
Há poeira por todo lado
Escritos de ancestrais
Imagine como pereço
Nesse escuro longitudinal
Cortes e gritos inflamados
Montes em forma de morcegos
Asas abertas para estrilhaçar meu rosto
Pedaços meus em todo caminho
Eu não conseguirei me reatar
Tragam um pó
Onde eu seja só mais pó
E esvoace no céu
Pintando as estrelas e ofuscando seu brilho
Partam e me dêem paz!
Caruaru, 22 de maio de 2008
Ellen Miranda