Depois: Depois! È ai que o mundo para,... Hermerson F.
Depois:
Depois!
È ai que o mundo para, que as cordas vocais desandam, que as paredes ficam mudas, que o dia vira noite, que o sol quente me deixa com frio. E é só depois.
Depois de ter você, eu não lembro de muita coisa.
Eu sei que tenho de seguir em frente e deixar o que passou, mas é que eu não sei sabe?
Eu não sei como olhar pro mato seco e fingir que não estou ali. Fingir que eu estou bem.
Eu não sei ser assim. Não sei fingir, não sei ser o que não sou.
E depois eu não quero que essa dor aqui que me assola como bolo murcho passe.
Eu não quero ter de dizer “tchau”, então eu me grudo no mínimo vestígio de presença, no mínimo agudo que soa da sua voz, assim, na minha mente. Eu puxo tudo isso pra mim, esse bocado que eu não quero que saia e eu vou me confundindo, errando, solando, passando, deixando... Mas, eu volto. Volto porque não sei o que é suficiente, insistente de verdade.
Eu sei do antes, não do depois.
Eu sei do agora, não do amanhã.
E assim eu vou me prendendo nisso, nisso que eu chamo de depois.
E depois de ter você, pra quê?
(...)