ESPELHO Um absoluto silêncio íntimo a... Diva Brito
ESPELHO
Um absoluto silêncio íntimo a me calar
E me fazer ouvir o que não consigo ver.
Meus olhos, vendados por tantos véus
Destes que nascem com o homem,
E lhes obstruem a entrada ao céu.
Oh, sendo tão fácil ouvir o mundo
O silêncio e os gritos que dele brotam
Porque hei de cegar-me ao estar diante
De tudo que me algema, me sufoca, me desfigura,
Daquilo que imperfeiçoa a criatura?
Porque não escuto a tua voz,
E no fundo não quero ter a verdade ao alcance
Se tanto vivo de cegar a mim mesmo.
Frente a um espelho, de quem estou diante?
O que da minha boca, escapa como flecha,
Sobre o quê não ouvi, ou fingi não ver?
Onde se divide o egoísmo e a amizade?
Será dentro de mim, e dentro de você.
Diva Brito