O Sol lá em cima parece dar-te uns bons... Catarina Portela
O Sol lá em cima parece dar-te uns bons dias. Sorris receosa por veres as nuvens a aproximarem-se em passo apresado. Há ventos que não cessam e teimam em aparecer sem nada dizer. Causando-te um arrepio gélido, pois sempre soubeste que seria penosa a tua escalada.
Suspiras e arriscas sem qualquer protecção. Ainda acreditas que devolves à vida tudo o que é fácil e parece difícil.
Para tua surpresa, é complexo todo o processo que seria acessível, e não são as banalidades que encontras no caminho que te fazem fraquejar, mas sim o vento, que te empurra e te derruba sem avisar.
A caminhada a passo lento, traz curiosidade à população, que tanto te avisou que existem caminhos que podem ser alterados. Mas tu não…
Tu tens o capricho do risco, da ganância de superar, de conhecer por ti mesma, realidades que podiam ser evitadas.
Não espero de nada, nem de ninguém. Admito que o trajecto que construo é normalmente o que todos evitam, e mesmo não tendo a alegria inicial de superar o fácil… Tenho a força de tudo o que foi ou será difícil de viver.
Olho a meta longínqua, os olhares admirados da população sobre a minha persistência, os sorrisos cínicos de quem espera a minha queda ou desistência.
Faço o fim sem ele de facto existir, e continuo a edificar inícios sem eles estarem programados.
Não me levantes, pega na minha mão e diz-me que sou capaz. A magia do improvável alcança-me, e não há valor ferido, ou pensamento sofrido que derrube meu Ser.
Entras em mim através de palavras, e através que palavras te podes afastar.
E eu continuarei a levantar-me sozinha…
Permanece a meu lado e eu te mostrarei lugares de meu coração que mais ninguém visitou... Afasta-te e nunca saberás o quanto eu sou, o quanto fui, e o que serias se ficasses.
Quer vás ou fiques, eu já estou.
Não espero por quem não vem, e não fico com quem não está