Ilícito sabor. "Desci aquele... Luna Moonares
Ilícito sabor.
"Desci aquele veículo que me conduzia a incoerência.
Senti o ar, frio e suave, bagunçando meus cabelos.
E sua ação varreu qualquer culpa que pudesse estar contida em meu ser.
Era apenas alguns segundos, até menos..
Mas que valiam pela eternidade.
E então veio o alastrante gosto de liberdade.
E esta me dominou.
Em uma dança de passos apressados, meus pés foram me guiando até meu ápice de alívio.
Um desafogo no meio de tanto desespero.
Fitei aquele abismo de cores e formas,
Intercalando-se com a fragância da irracionalidade.
Poderia mergulhar naquele deslumbrante e sedutor panorama.
Havia troncos de pedra e flores de janela.
Formava uma mata postiça,
E essa vegetação aspirava assíduadamente o ar azul, sugava o viço da exuberância das cores.
De um cenário de papel.
Aos poucos, o primeiro sorriso do dia ia sendo deflorado.
O primeiro e único.
Porque essa selva tem fome.
E quem vive nel,naturalmente,também.
Mas a caminhada continua,
O coração continua a pulsar.
Minha pretenção já estava consumada,
E mesmo que,
Meu cárater já não era virgem.
O som da proibição atacava meus ouvidos.
Investia violentamente.
E quem disse que esse som me feria?
Seria mais certo dizer: Foi como música para meus ouvidos.
Ah! E como podia ouvir a orquestra inteira.
Caminhei.
E a cada passo que dava, brotavam flores..
Dentro de mim.
O cenário ia semeando vida em meu selvagem espírito.
Indomável por essa sociedade organizadamente primitiva.
Caminhei até não aguentar mais.
Meus pés estavam impregnados de desobediência.
Naquele momento, não era eu, quem controlava a natureza.
Parei.
Aquele perfume de fantasia não poderia ter outro sabor.."