CHAPÉU-BARQUINHO Por onde andará a... Wander Motta
CHAPÉU-BARQUINHO
Por onde andará a minha ilusão?
Teria perdido-se nas vielas surreais
d'algum vale utópico
e, clamando por ajuda amargura?
Quem sabe...
com medo da tempestade
ficou escondidinha
ou aproveitando-se da calmaria
saiu... de fininho... de mansinho...
Ou... será?
cansou de ser ilusão
quis ter uma profissão
navegante
ajudante
comissária
estagiária
real ou imaginária?
Será que num porto seguro
encontrou seu comandante...
mas...
o que acontecerá doravante?
Respondo que muda
ficará minha escrita...
pálido meu azul...
triste minha lida...
norte meu sul...
E nem assim ela volta...
por onde andará
minha ilusão
não sei...
Preciso procurá-la
nos campos, rios,
mares,
bazares...
afixar cartazes
percorrer ruas
visitar lares
subir na grua
gritar pra lua
sentar na calçada
insone
tentar o tarô
ler um haikai
que atrai
consultar o oráculo
superar o obstáculo
displicente
encantar a serpente
de parapente
vasculhar o continente
Onde estará a minha ilusão
não sei
só sei que ela se foi
de mansinho
e levou consigo
o meu chapéu-barquinho...