Não há trégua pra minha dor Não há... Roberta Abreu
Não há trégua pra minha dor
Não há trégua pra minha dor
Passo a achar que ela roubou de vez o meu calor
Meu inimigo já levou a minha alma
Ele conhece minhas fraquezas e já secou minha calma
Não há fim para o meu espanto
O medo me persegue para garantir meu pranto
Aqui faz frio, o vazio me prende como numa cela
Nada para iluminar, nada para aquecer, nem mesmo uma vela
Vim parar num lugar escuro
Aqui não tem cores, não tem vida, somente um muro
O muro é alto e a cada dia cresce ainda mais
Tudo parecia perfeito, mas era perfeito demais
Se ao menos não tivesse me exaurido,
Se ao menos não tivesse me perdido
A areia fina escapa entre os meus dedos
Cada grão que perco faz crescer mais os meus medos
Não sei mais viver aqui, não agüento nem mais um dia
Não entendo o que eles dizem, não sei falar a língua deles, nunca saberia
Me sinto perdida e longe da minha casa
Mas não posso voar de volta, eles me cortaram a asa
Só com uma não consigo mais voar
E sem ela não posso mais voltar
Se ao menos eu voasse e pudesse escapar...
Sentir o vento de novo, a brisa do mar...
Poderia enxergar o horizonte e encontrar o caminho de volta
E assim sorriria novamente, sem mágoa, sem lágrima, sem revolta
Se ao menos eu tivesse um plano
Se ao menos eu pulasse um ano
Se ao menos fosse forte
Se ao menos tivesse sorte
Com nada disso posso contar
Um corpo sem alma não pode mais sonhar
É hora de ser um ser, sem viver
Sem ver, sem poder
É hora de sofrer por saber
Que presa aqui só me resta morrer