A mulher é metafísica "A mulher... Roberta Abreu
A mulher é metafísica
"A mulher deseja o impossível; desejar o impossível é sua grande beleza".
Somos criadas ouvindo histórias de princesas, contos de fadas com príncipes e frases como: “foram felizes para sempre”. Brincamos com nossas Barbies e seus corpos perfeitos, suas roupas sexys e seu marido sarado com carro conversível. Nossa infância é um laboratório funcionando para nos transformar em indivíduos com uma capacidade extrema de distorcer realidades, de mergulhar em conceitos ilusórios sobre nosso futuro, de sonhar com o impossível e de querermos ser perfeitas.
Não é a panelinha o brinquedo preferido da menina, nem a boneca que faz xixi na fraldinha, é a princesa com sua coroa, seu reinado e seu vestido rosa todo pomposo ou a Barbie com seu cabelão loiro, cintura desumana sem órgãos internos e seus saltos altos.
Crescemos e nos tornamos mulheres dos mais variados tipos e personalidades, todas produtos desse laboratório humano que é o mundo atual, mundo desleal onde disputamos tudo a todo momento. Somos o que buscamos e o que buscamos é o resultado dos nossos sonhos, enraizados em nossas almas pelas doutrinas infantis. Buscamos a perfeição para termos em troca tudo aquilo que nos foi prometido na infância, o nosso "reinado".
A realidade vem como tropeços na vida da jovem mulher, numa fase de transição é necessário transpormos aqueles sonhos infindáveis por objetivos reais e concretos, é uma guerra e essa luta contra o vazio justifica nossa missão de entrega, entrega à realidade. Dura é a vida adulta da jovem que insiste em não abrir mão desse mundo de fantasia e se entregar ao mundo real.
Porém nossa sucumbência à realidade é incompleta, não somos reais, somos sonhadoras, fomos concebidas por Deus para sermos seres com instinto de moldar a realidade, de cuidar, de apontar a esperança e de trazer o caminho, somos dóceis por natureza, afáveis e pacíficas, defendemos nossos filhos com toda nossa força, possuímos o dom de aconselhar, de apaziguar e um sentido extra-sensorial de captarmos as coisas Servimos nossos maridos e lutamos pela igualdade entre os homens, somos guerreiras cheias de coragem, coragem movida pelo amor. Somos soberanas para amar, dominamos nossos sentimentos e enlaçamos o medo, para que nada nos desvie do caminho em busca do nosso objetivo.
O mundo desleal insiste em nos pregar peças. As relações humanas modernas formaram uma sociedade falida. Os antigos sonhos de formarmos nossos tão desejados laços matrimoniais estão dando lugar ao sonho de sermos musas perfeitas, super-mulheres com formas sedutoras, cabelos esticados, diplomas estrangeiros, salários elevados e bebês de proveta (de preferência com traços físicos escolhido a dedo nos Bancos de esperma). Tentam nos convencer a trocar nossos sonhos legítimos por sonhos falsificados, sonhos fúteis embrulhados em capas sedutoras, sonhos que nunca fizeram parte da nossa natureza instrícita.
Carreiras promissoras resultantes de jornadas pesadas de trabalho, a liberdade sexual onde nós que escolhemos quem vamos seduzir, a busca sagaz por mutilar nossa natureza própria para atingir um corpo como o da mulher da vez da TV, nossa cultura carnal que faz de nós bundas ambulantes acopladas a um corpo pensante (que muitas vezes "fala demais"), a rivalidade esdrúxula estabelecida entre as mulheres como inimigas disputando o melhor "pedaço de carne", nossa cultura "sado-light" que nos educa a fugir de certos alimentos com se fossem um veneno letal capaz de matar ao criar uma gordurinha a mais! Somos como soldados treinados a abandonar certos prazeres e a lutar com armas poderosas contra as forças naturais do corpo feminino como a celulite ou o acumulo de gordura, elementos que fazem parte da nossa natureza biológica. Esses fenômenos modernos afrontam mulheres comuns, as velhas sonhadoras que se tornam cada vez mais minoria com o passar do tempo.
Essa corrupção dos valores femininos entra em choque com nossa natureza pacata e sonhadora, como resultado nos tornamos frustradas, deprimidas, vazias e o que é pior, carentes. A carência é a maior culpada pelos erros femininos nas mais diversas proporções, é pela carência que muitas mulheres adotam hábitos alimentares compulsivos, é pela carência que muitas acabam adulterando ou sucumbentes ao sexo libertino e promíscuo. É pela carência que muitas engravidam propositalmente para prender um homem, é pela carência que gastamos fortunas nas lojas, é pela carência que aceitamos comportamentos masculinos intoleráveis, é pela carência que adquirimos o medo da solidão, é pela carência que nos dispomos a abrir mão de nossos planos, e por ai vai. A lista nunca acaba, fazemos os mais variados e criativos erros por carência, sem contar os apelos por livros de auto-ajuda, gurus espirituais, remédios psiquiátricos e o "porte ilegal de armas letais" como decotes, mini-saias e roupas transparentes (qual é o problema? hoje em dia até noiva casa assim!). Mulher carente é igual cachorro macho quando gruda na nossa perna contorcendo esbaforidos: é inconveniente, constrangedor, incomoda e chega a dar pena, mas ninguém suporta!
Somos metafísica, não somos realidade nem estamos disputando uma maratona de beleza, sedução ou poder. Precisamos entender que não podemos abandonar nossa essência porque fomos perfeitamente feitas pelo criador de todas as coisas, foi Ele quem nos moldou dessa forma, para sonharmos, buscarmos e sermos: coração, não carne, compaixão, não poder, amor, não disputa, união, não sexo.
Posso garantir que é bem melhor se abastecer dos sonhos que estão enraizados na nossa alma, mesmo que passemos pela mais diversas frustrações, do que trocá-los por uma realidade efêmera, crua e vazia. Sonhar é buscar atingir aquilo que move o seu coração, é o que mantém nossa alma viva, se ele acabar ela morre e o que sobra é perecível e se estragar apodrece e fede.
Meus sonhos não estão em homens, em salários, em palácios, ou em aparências, estão naquilo que faz parte da minha natureza, estão nos meus chamados, nas minhas buscas e convicções, a espera pela realização dos meus sonhos está nos meus sorrisos e minhas frustrações estão nas minhas lágrimas (por isso choro tão pouco).
O amor exige muita coragem e persistência, por isso não é para os covardes e fracos é para os fortes e valentes, características próprias de nós mulheres, guerreiras que seguem contrárias a direção que o mundo vem tomando, trazendo no colo nosso maior tesouro, o amor.